O artigo como sabemos concorda com o substantivo em gênero e número

Você está em Sintaxe > Sintaxe de concordância ▼

A concordância nominal se baseia na relação entre um substantivo (ou pronome, ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos,  pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Basicamente, ocupa-se  da relação entre nomes.

Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.

A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as seguintes regras gerais:

1) O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo. Por exemplo:

As mãos trêmulas denunciavam o que sentia.

2) Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:

a) Adjetivo anteposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. Por exemplo:

Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor  e a roupa.

- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Por exemplo:

As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

b) Adjetivo posposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino). Exemplos:

A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

Obs.: os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há substantivos de gêneros diferentes.

- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo fica no singular ou plural.

Exemplos:

A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).

3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:

a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo não for acompanhado de nenhum modificador. Por exemplo:

Água é bom para saúde.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um artigo ou qualquer outro determinativo. Por exemplo:

Esta água é boa para saúde.

4) O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se refere. Por exemplo:

Juliana as viu ontem muito felizes.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + adjetivo, este último geralmente é usado no masculino singular. Por Exemplo:

Os jovens tinham algo de misterioso.

6) A palavra "só", quando equivale a "sozinho", tem função adjetiva e concorda normalmente com o nome a que se refere. Por exemplo:

Cristina saiu só.
Cristina e Débora saíram sós.

Obs.: quando a palavra "só" equivale a "somente" ou "apenas", tem função adverbial, ficando, portanto, invariável. Por exemplo:

Eles só desejam ganhar presentes.

7) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as construções:

a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último adjetivo. Por exemplo:

Admiro a cultura espanhola e a portuguesa.

b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo. Por exemplo:

Admiro as culturas espanhola e portuguesa.

Obs.: veja esta construção:Estudo a cultura espanhola e portuguesa.

Note que  ela  provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou de uma única, espano-portuguesa? Procure evitar construções desse tipo.

Como referenciar: "Concordância nominal" em Só Português. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2022. Consultado em 10/08/2022 às 10:20. Disponível na Internet em https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint59.php

É  bastante comum,  em  uma conversa,  alguém  dizer “Concordo com você  em gênero, número e  grau!”. É uma metáfora para demonstrar que se está plenamente de  acordo com o que  foi dito pelo outro. Você  sabe  por que, do  ponto de vista gramatical,  esta  frase é  um equívoco?

 Nos  estudos linguísticos,  concordância  é um fenômeno morfossintático. Sintático, pois diz  respeito à  relação entre os vocábulos, e  morfológico porque  a  forma de  estabelecer  esta relação é reiterando noções gramaticais por  meio dos  elementos  mórficos . A   gradação é um fenômeno  semântico, que pode se materializar morfologicamente (“lindinho”)  ou sintaticamente (“muito lindo”).   Não há  concordância de  grau,  pois esse  não  precisa  ser reiterado por nenhum  outro elemento como acontece  na  concordância. Podemos dizer “casinha”, mas  não precisamos adjetivar  com  uma palavra  em  grau   semelhante (“casinha branquinha”);  podemos, ainda,  dizer “casarão  branquinho”, em que  substantivo e  adjetivo  são usados  em  graus diferentes.*

Quando falamos em  concordância,  devemos pensar em concordância nominal concordância  verbal. No primeiro caso,  significa  que o numeral, o  artigo,  o adjetivo e o pronome concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem (Esta  é a  regra  geral e  já a abordamos em diversos textos!) No segundo,  entendemos  que o verbo concorda em número com o sujeito da oração (Veja o que já explicamos em outros  artigos.) Preste atenção aos  exemplos:

Concordância  nominal: “Compramos  aquelas bonitas  blusas  azuis.”  Note que  o  pronome demonstrativo e  os adjetivos concordam  com  o substantivo BLUSAS.

Concordância verbal:” As  meninas  chegaram agora da praia. “Observe que o sujeito da oração (as meninas) concorda em  número (plural)  com o verbo (chegaram).

 A gradação envolve duas categorias gramaticais: substantivo e adjetivo. Ela indica se um substantivo foi apresentado no aumentativo ou  no  diminutivo  e  se  um adjetivo  é  comparativo ou  superlativo.

Graus do substantivo:

Cunha e Cintra (2008) dizem  que um substantivo  pode  apresentar-se  das  seguintes formas:

  • significação  normal: chapéu,   boca
  • significação exagerada ou  intensificada: chapelão,  bocarra; chapéu  grande,  boca  grande.
  • significação atenuada ou  valorizada  afetivamente: chapéu pequeno, boca  minúscula; chapeuzinho,  boquinha.
Graus do adjetivo: 

São dois  os  graus do adjetivo: comparativo e  superlativo.  Como  os  termos  indicam, esses  graus apresentam uma  comparação entre  termos e a  intensificação de  uma característica, respectivamente. O aprofundamento sobre  cada  um deles  ficará para   outro  texto;  nosso  objetivo  hoje é  observar as  características  gerais.

Grau  comparativo: Indica uma  determinada qualidade em  grau superior, igual  ou  inferior. Veja os  exemplos:

Carlos  é  mais  inteligente do que Abel. (Comparação entre  dois seres.)

Carlos é mais esforçado do que  inteligente. (Comparação entre  duas  qualidades do mesmo ser.)

Grau superlativo: Pode indicar que determinado ser apresenta alto grau de determinada qualidade (superlativo absoluto) ou apresenta uma característica que se  sobressai em  grau   maior ou  menor na totalidade dos seres. Veja:

Carlos  é inteligentíssimo. (Superlativo absoluto)

Carlos é  o mais inteligente do colégio. (Superlativo relativo)

Leia mais  no blog:

“A maioria de”: como concordar essa expressão?

Teste seus conhecimentos sobre concordância :  faça o  nosso simulado!

*Atualizado em 10/09/2014: Agradeço ao professor  e meu  amigo Mauro José Rocha,  que  sugeriu algumas alterações no meu  texto.

Referências:

CUNHA, C; CINTRA, L. Nova gramática do  português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro:  Lexikon, 2008.