A Doutrina caracterizada na mensagem do presidente Roosevelt tinha como objetivo


Em 2 de dezembro de 1823, durante o congresso norte-americano, o então presidente dos Estados Unidos, James Monroe, anunciou o que chamou de Doutrina Monroe, segundo a qual não mais seria admitido o colonialismo em terras americanas.

O pronunciamento veio em virtude de uma ameaça da Santa Aliança, organização composta por Áustria, Rússia e Prússia, de voltar a colonizar os países americanos. Mais até do que impedir novos domínios, a Doutrina pretendia elevar os EUA a líder do continente para garantir a soberania dos países latino-americanos.

Também conhecida pela frase América para os americanos, a Doutrina Monroe prega, entre outros pontos, a proibição de criar novas colônias na América; a não intromissão dos países europeus nas decisões dos americanos e o não envolvimento dos EUA em conflitos relacionados aos países europeus.

Na verdade, política com o mesmo teor já vinha sendo implementada muito antes de James Monroe, 5º presidente dos Estados Unidos pelo período de 1817 a 1825: George Washington, primeiro a governar o país (1789-1797), já pregava o isolamento do mundo europeu. Dizia ele: “A Europa tem um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente.”

O Big Stick

Com ideologia semelhante ao que estabelecia a Doutrina Monroe, Theodore Roosevelt, 26º presidente norte-americano (1901 a 1909), instituiu o que denominou Big Stick (Grande Porrete).

Inspirado em um provérbio africano que dizia “Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete”, Roosevelt mostrava com isso que, para proteger os Estados Unidos, agiria com diplomacia, mas não hesitaria em utilizar sua autoridade, caso fosse necessária.

Roosevelt criou um documento chamado Corolário Roosevelt, que não só apoiava as determinações da Doutrina Monroe, como também a complementava, proibindo ações na América Latina que não partissem dos Estados Unidos. Além disso, Theodore Roosevelt fortaleceu a indústria, o comércio, o Exército e a Marinha, pois acreditava que apenas os países fortes sobreviveriam.

A ideologia, ou ainda diplomacia ou política do Big Stick (em português, “grande porrete”) é o nome com que frequentemente se faz referência à política externa dos Estados Unidos sob a presidência de Theodore Roosevelt (1901-1909). O termo foi inspirado em um provérbio, originário da África Ocidental, que apregoava: “Fale com suavidade, e carregue um grande porrete, assim irás longe”. Do mesmo modo, Roosevelt atuava mantendo um ar amistoso e cordial nas negociações, e ao mesmo tempo deixava evidente a possibilidade de usar a força para sobrepujar seus opositores e conseguir seu intento.

Cartoon de Louis Dalrymple, em 1905, ilustra a Ideologia do Big Stick. Presidente Theodore Roosevelt carrega um porrete com a inscrição "nova diplomacia". Fonte: HistoryWiz.com

O presidente criaria ainda o Corolário Roosevelt, no qual apoiava a Doutrina Monroe (marcada pela frase “América para os americanos”) e procurava estendê-la sob um ponto de vista que favorecesse os EUA. Para isso, transformou as Américas em uma esfera de influência exclusivamente norte-americana, sobretudo a área da América Central. Foi no governo de Roosevelt, por exemplo, que entrou em vigor a Emenda Platt, um dispositivo legal adicionado à constituição da recém independente Cuba, que permitia aos Estados Unidos intervir no país caso seus interesses na ilha se encontrassem ameaçados. Também durante o governo de Roosevelt temos a independência do Panamá, na qual a atuação de bastidores dos norte-americanos foi decisiva. Uma vez independente, o Panamá não tardou em negociar uma vantajosa cessão da área do entorno do Canal do Panamá aos Estados Unidos. A área do Canal permaneceria sob controle norte-americano até 1999.

A estratégia projetada por Roosevelt rendeu frutos tanto na esfera política interna e entre a diplomacia internacional, com sua atuação como mediador nas negociações de paz da Guerra Russo-Japonesa em 1905. No ano seguinte, Roosevelt conquistaria até mesmo o Prêmio Nobel da Paz.

A doutrina do Big Stick continuou a ser reproduzida de uma maneira ou de outra pelos presidentes seguintes, em um capítulo da história conhecido como Guerras das Bananas. Trata-se de uma série de ocupações militares feitas pelos norte-americanos em vários países do continente, entre 1898 e 1934. Os países afetados são México, Cuba, Panamá, República Dominicana, Honduras, Haiti, Nicarágua, além do território associado de Porto Rico, (anexado durante a Guerra Hispano-Americana de 1898).

Na prática, ainda hoje, a América Latina é uma área sob forte influência dos EUA, em especial as nações da América Central, num claro reflexo das ideias do Big Stick. De fato, é ali que se estrutura a influência norte-americana, sendo irradiada dali para todas as outras regiões do planeta.

Bibliografia:
FERREIRA, BRUNO. A Política do Big Stick: Imperialismo Norte Americano. Disponível em: < http://historiabruno.blogspot.com.br/2012/10/a-politica-do-big-stick-imperialismo.html >.

Doutrina Monroe e Big Stick: não à intervenção externa nos EUA. Disponível em: < http://www.portalobjetivo.com.br/noticias.asp?id=3061 >.

O Corolário Roosevelt foi um postulado de política externa, em adição à Doutrina Monroe, de autoria do presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt. Conjugado com a Política do Grande Porrete (em inglêsː Big Stick Diplomacy), o Corolário foi o marco de um período de controle direto dos EUA sobre os países latino-americanos.

A Doutrina caracterizada na mensagem do presidente Roosevelt tinha como objetivo

Theodore D. Roosevelt.

Segundo a Doutrina Monroe, enunciada por James Monroe em 1820, as nações da América deveriam, a partir de então, ser isentas de nova colonização europeia. Como consequência dessa doutrina, os Estados Unidos se comprometiam com a independência e a integridade das nações americanas perante o expansionismo das potências europeias.

Roosevelt vinculou sua política à Doutrina Monroe, e também foi consistente com sua política externa incluída em sua Diplomacia Big Stick . Roosevelt afirmou que, de acordo com a Doutrina Monroe, os Estados Unidos estavam justificados em exercer "poder de polícia internacional" para pôr fim à agitação crônica ou irregularidades no Hemisfério Ocidental.

O Corolário Roosevelt foi expresso na Mensagem Anual do Presidente ao Congresso dos EUA de 1904. Os Estados Unidos se declararam dispostos a ocupar militarmente países que estivessem passando por uma crise devido a sua dívida externa. Na Mensagem, Roosevelt expressou sua convicção de que uma nação que consegue manter a ordem e cumprir com suas obrigações não precisa temer a interferência dos Estados Unidos. No entanto, uma "nação civilizada" como os Estados Unidos teria que assumir o papel de "polícia do mundo", e ser obrigada a intervir, no caso de um enfraquecimento dos laços da sociedade civilizada em outros países.[1]

E aduz que os Estados Unidos só interfeririam diretamente em último caso, se fossem violados os direitos dos Estados Unidos ou se um mau comportamento das nações da América provocasse a intervenção de credores europeus, em violação da Doutrina Monroe.

A mensagem anual de Roosevelt em 6 de dezembro de 1904, ao Congresso declarou:[2]

 

Caricatura política retratando Theodore Roosevelt usando a Doutrina Monroe para manter os poderes europeus fora da República Dominicana.

Tudo o que este país deseja é ver os países vizinhos estáveis, ordeiros e prósperos. Qualquer país cujo povo se conduza bem pode contar com nossa grande amizade. Se uma nação mostra que sabe agir com razoável eficiência e decência em questões sociais e políticas, se mantém a ordem e paga suas obrigações, não precisa temer a interferência dos Estados Unidos. Uma transgressão crônica, ou uma impotência que resulta em um afrouxamento geral dos laços da sociedade civilizada, pode na América, como em outros lugares, em última análise exigir a intervenção de alguma nação civilizada, e no Hemisfério Ocidental a adesão dos Estados Unidos à Doutrina Monroe pode forçar os Estados Unidos, embora com relutância, em casos flagrantes de tais transgressões ou impotência, a exercer um poder de polícia internacional.

Enquanto a Doutrina Monroe advertia as potências europeias para manter as mãos longe dos países das Américas, o presidente Roosevelt agora dizia que "uma vez que os Estados Unidos não permitiriam que as potências europeias colocassem as mãos, ele próprio tinha a obrigação de fazê-lo. Em suma, ele iria intervir para impedi-los de intervir".

O Corolário Roosevelt foi motivado pela reação violenta do Reino Unido, Itália e Alemanha à crise da dívida venezuelana em 1902 e 1903. O Corolário Roosevelt foi lembrado por presidentes dos EUA nas intervenções americanas em Cuba (1906-1910), Nicarágua (1909-1911, 1912-1925 e 1926-1933), Haiti (1915-1934) e República Dominicana (1916-1924).

O Corolário Roosevelt foi suplantado pela Política da Boa Vizinhança, apresentada no discurso inaugural de Franklin Roosevelt, em 1933.[3]

Em 1928, o presidente Calvin Coolidge emitiu o Clark Memorandum, muitas vezes visto como um repúdio parcial do Corolário de Roosevelt, que afirmava que os Estados Unidos não tinham o direito de intervir quando houvesse uma ameaça de potências europeias. Herbert Hoover também ajudou a afastar os EUA das tendências imperialistas do Corolário de Roosevelt, fazendo viagens de boa vontade, retirando tropas da Nicarágua e do Haiti e abstendo-se de intervir nos assuntos internos dos países vizinhos.[4]

Em 1934, o presidente Franklin D. Roosevelt renunciou ainda mais ao intervencionismo e estabeleceu sua "política de boa vizinhança" que levou à anulação da Emenda Platt pelo Tratado de Relações com Cuba em 1934, e à negociação de compensação pela nacionalização mexicana de estrangeiros e ativos petrolíferos em 1938. De fato, deixando incontestável o surgimento de ditaduras como a de Fulgencio Batista em Cuba,  Rafael Leonidas Trujillo na República Dominicana, Anastasio Somoza na Nicarágua e François Duvalier no Haiti foram considerados "ditadores Frankenstein "devido ao manejo incorreto das ocupações americanas nos países.[5]

  • Corolário Polk
  • Doutrina Drago
  • Doutrina Monroe
  • Política da Boa Vizinhança
  • Política do Grande Porrete
  • Guerras das Bananas

  1. 1904 State of the Union Address
  2. «Roosevelt Corollary to the Monroe Doctrine». Teaching American History (em inglês). Consultado em 6 de dezembro de 2020 
  3. Bailey, Thomas Andrew. "Roosevelt Launches a Corollary." The American Spirit: Since 1865. Boston: Houghton Mifflin, 1998. 198. Print.
  4. Brinkley, Alan. The Unfinished Nation: a Concise History of the American People. Boston: McGraw-Hill, 2008. 706. Print.
  5. American foreign relations: a history. Since 1895, Volume 2, 7th Edition, Wadsworth, pp. 162–168, 2010

Fontes

  • Mellander, Gustavo A.; Nelly Maldonado Mellander (1999). Charles Edward Magoon: The Panama Years. Río Piedras, Puerto Rico: Editorial Plaza Mayor. ISBN 1563281554 . OCLC 42970390.
  • Mellander, Gustavo A. (1971). The United States in Panamanian Politics: The Intriguing Formative Years. Danville, Ill.: Interstate Publishers. OCLC 138568.
  •   Portal da política
  •   Portal dos Estados Unidos

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