O que significa felicidade para Aristóteles

Antes de falarmos sobre como a felicidade era entendida por Aristóteles, vamos conhecer um pouco sobre esse grande filósofo. Aristóteles nasceu na Macedônia em 384 a.C, até aí nada de excepcional.

Aristóteles foi discípulo de Platão, que por sua vez foi discípulo de Sócrates, que quebra a corrente por não ter sido discípulo de ninguém (não que se tenha conhecimento até agora). Fundou uma escola- o Liceu, importante centro de ensino daquela época.

“O que faz você feliz? Você feliz o que que faz? Você faz o que te faz feliz?” ( Clarice Falcão- O que faz você feliz)

O que significa felicidade para Aristóteles
A imagem acima, Escola de Atenas – Afresco de Rafael – 1509/10. Mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento filosófico.

Estou a dois passos do paraíso…

“A virtude é o caminho para a felicidade.” –  Aristóteles acreditava que para alcançarmos a felicidade deveríamos desenvolver “o tipo certo de caráter”, que é herdado, mas, não é genético (não está no DNA).

E é aí que está o “X” da questão! Esse tipo “certo de caráter” dependerá muito das influências externas que receberemos, advindas, sobretudo, do meio a qual estamos inseridos, ou seja, em outras palavras, o modo como fomos criados fará toda a diferença.

Os exemplos que temos são cruciais para o nosso desenvolvimento “filho de peixe, peixinho é”. È sempre bom lembrar, que esses exemplos não são determinantes, mas exercem grandes influências sobre o nosso desenvolvimento.

O ser humano é um ser social – Somos seres sociais por natureza, precisamos viver em sociedade para nos desenvolver, sendo assim, essa sociedade precisa nos mostrar bons exemplos, para termos no que nos espelhar.

  • O caminho para essa felicidade é a virtude.
  • Os fins justificam os meios? Ou Os meios justificam os fins?

Ao contrário do que afirmava o filósofo florentino Maquiavel (1469-1527), de que  Os fins justificam os meios, para Aristóteles são os meios que justificam os fins. Para você entender melhor esta formulação por oposição entre os dois autores clássicos, veja aula gratuita sobre o pensamento de Maquiavel: 

O que significa felicidade para Aristóteles

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A virtude é o meio, como o próprio Aristóteles dizia “ o meio termo de ouro” ou o “ justo meio”, agir virtuosamente significa ponderar(pensar) entre dois vícios, dois extremos(a falta e o excesso) que nos afastam da tão esperada felicidade.

O que significa felicidade para Aristóteles
Fonte: https://semeadordeletras.wordpress.com/2011/11/20/para-alcancar-a-felicidade/

Virtude e Felicidade para Aristóteles:

Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta mais exemplos sobre como agir virtuosamente e assim conquistar a felicidade.

O que significa felicidade para Aristóteles
Fonte: http://filosofiasos.blogspot.com.br/p/esclarecimentos-sobre-as-questoes-do.html

Para fazer pensar…

Pense comigo: Se a virtude é o caminho para a felicidade, logo a felicidade é o fim/objetivo de vida dos seres humanos. Sendo assim podemos deduzir, que tudo que existe tem uma finalidade (teoria das quatro causas), assim como um começo e meio.

O que significa felicidade para Aristóteles
Fonte: https://cronicasurbanas.wordpress.com/tag/mafalda/

Lembre-se: Essa é a visão de Aristóteles, e ele defende o uso da razão para assegurar a felicidade!

Para terminar nossa conversa, que tal vocês assistirem esse vídeo do professor Alan, falando um pouco mais sobre Aristóteles e seus pensamentos?

https://www.youtube.com/watch?v=f5sljjuTkzg

E aí, curtiu a revisão? Agora, que tal testar o que você aprendeu fazendo alguns exercícios?

1. Entre os três filósofos abaixo, qual deles é Aristóteles?

O que significa felicidade para Aristóteles

2.

 

O que significa felicidade para Aristóteles

3. Em relação à ética de Aristóteles, podemos afirmar que:

a) trata-se de uma deontologia, pois visa à felicidade.

b) é baseada nas virtudes dianoéticas que dependem do hábito.

c) tem por finalidade última o exercício da virtude da justiça.

d) considera a instrução e o hábito fundamentais para a virtude.

4. (ENEM 2013)

A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristoteles a identifica como

a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.

b) plenitude espiritual e ascese pessoal.

c) finalidade das ações e condutas humanas.

d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.

e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

– Diga as respostas nos comentários e discuta quais são as corretas

Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Paula Pille para o Blog do Enem. Paula Pille é formada em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2004. Facebook: https://www.facebook.com/paula.pille.1

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A palavra ethos é de etimologia grega e significa comportamento, ação, atividade. É dela que deriva a palavra ética. A ética é, portanto, o estudo do comportamento, das ações, das escolhas e dos valores humanos. Mas no nosso cotidiano ocorre de percebermos que há uma série de modelos de “éticas” diferentes que postulam modos de vida e de ação, por vezes excludentes. Qual é o melhor tipo de vida (se é que há um)? O que é a felicidade? É melhor ser feliz ou fazer o bem ou o que é certo?

Perguntas como essas são feitas em todas as épocas da história humana. E desde a antiguidade clássica dos gregos, já havia muitos modelos de respostas para elas. Uma delas é a fornecida pelo filósofo Aristóteles, famoso por sua Metafísica. Vamos nos aprofundar um pouquinho mais no que ele tem a nos dizer.

Em seu livro “Ética a Nicômaco”, Aristóteles consagrou a tão famosa ética do meio-termo. Em meio a um período de efervescência cultural, o prazer e o estudo se confrontam para disputar o lugar de melhor meio de vida. No entanto, a sobriedade de nosso filósofo o fez optar por um caminho que condene ambos os extremos, sendo, pois, os causadores dos excessos e dos vícios.

A metrética (medida) que usa o estagirita (Aristóteles era chamado assim por ter nascido em Estagira) procurava o caminho do meio entre vícios e virtudes, a fim de equilibrar a conduta do homem com o seu desenvolvimento material e espiritual. Assim, entendido que a especificidade do homem é a de ser um animal racional, a felicidade só poderia se relacionar com o total desenvolvimento dessa capacidade. A felicidade é o estado de espírito a que aspira o homem e para isso é necessário tanto bens materiais como espirituais.

Aristóteles herda o conceito de virtude ou excelência de seus antecessores, Sócrates e Platão, para os quais um homem deve ser senhor de si, isto é, ter autocontrole (autarquia). Trata-se do modo de pensar que promove o homem como senhor e mestre dos seus desejos e não escravos destes. O homem bom e virtuoso é aquele que alia inteligência e força, que utiliza adequadamente sua riqueza para aperfeiçoar seu intelecto. Não é dado às pessoas simples nem inocentes, tampouco aos bravos, porém tolos. A excelência é obtida através da repetição do comportamento, isto é, do exercício habitual do caráter que se forma desde a infância.

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Segundo Aristóteles, as qualidades do caráter podem ser dispostas de modo que identifiquemos os extremos e a justa medida. Por exemplo, entre a covardia e a audácia está a coragem; entre a belicosidade e a bajulação está a amizade; entre a indolência e a ganância está a ambição e etc. É interessante notar a consciência do filósofo ao elaborar a teoria do meio-termo. Conforme ele, aquele que for inconsciente de um dos extremos, sempre acusará o outro de vício. Por exemplo, na política, o liberal é chamado de conservador e radical por aqueles que são radicais e conservadores. Isso porque os extremistas não enxergam o meio-termo.

Portanto, seguindo o famoso lema grego “Nada em excesso”, Aristóteles formula a ética da virtude baseada na busca pela felicidade, mas felicidade humana, feita de bens materiais, riquezas que ajudam o homem a se desenvolver e não se tornar mesquinho, bem como bens espirituais, como a ação (política) e a contemplação (a filosofia e a metafísica).

Por João Francisco P. Cabral Colaborador Brasil Escola Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

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