(UFV) Show Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: Dos vícios já desligados nos pajés não crendo mais, nem suas danças rituais, nem seus mágicos cuidados. (ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110) Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão: a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa. c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés. d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista. e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível. José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534, em San Cristóbal de la Laguna, na Espanha. Mais tarde, estudou no Colégio das Artes, em Coimbra, e entrou para a Companhia de Jesus. Chegou ao Brasil, em 13 de julho de 1553, com a missão de catequizar os índios. O padre usou suas poesias e peças de teatro para auxiliar na conversão dos indígenas ao catolicismo, além de escrever a primeira gramática de tupi. Depois de sua morte, em 9 de junho de 1597, em Reritiba, Espírito Santo, foi beatificado no ano de 1980 e, finalmente, canonizado em 2014. Leia também: Luís Vaz de Camões – autor considerado o maior poeta em língua portuguesa Biografia de José de AnchietaRetrato do padre José de Anchieta, obra de Benedito Calixto (1853-1927).José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534, em San Cristóbal de la Laguna, na Espanha. Seu pai — Juan de Anchieta — era escrivão real. Mais tarde, em 1548, o jovem José de Anchieta, que estudava latim desde os sete anos de idade, foi para Coimbra, em Portugal, onde estudou no Colégio das Artes. Em 1551, entrou para a Companhia de Jesus. Por essa época, adquiriu uma doença crônica, a tuberculose óssea, que provocou uma curvatura em suas costas. Com 19 anos, mudou-se para o Brasil. Assim, chegou a Salvador em 13 de julho de 1553, com a missão de catequizar os índios. No Brasil, os jesuítas fundaram o Colégio de Piratininga, onde o irmão Anchieta foi professor de latim, a partir de 1554. Para o trabalho de catequese, logo aprendeu o tupi e pôde se comunicar com os índios. Assim, em 1555, escreveu a primeira gramática de tupi, que seria publicada quatro décadas depois. Durante a revolta indígena conhecida como Confederação dos Tamoios, apoiada pelos franceses, o padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) e José de Anchieta foram para Iperoig, com a missão de conseguir a paz entre índios e portugueses. Para evitar o ataque dos portugueses, Anchieta ficou como refém dos índios durante sete meses. Os defensores de Anchieta afirmam que ele defendia os índios da crueldade dos colonizadores portugueses. No entanto, de acordo com Antônio Torres, em seu livro Meu querido canibal, Anchieta, quando “se descobria impotente na sua missão evangelizadora, proclamava aos ouvidos de seus superiores civis, militares e eclesiásticos que a melhor catequese eram a espada e a vara de ferro”. Ainda segundo Torres, quem “convenceu Mem de Sá a liquidar os tamoios de uma vez por todas foi o jesuíta José de Anchieta, o que tinha por missão a evangelização e pacificação dos índios”. Na hora “do acerto de contas, largou o rosário e o missal para assumir um lugar de soldado atrás das barricadas”. De qualquer forma, em 1565, durante a guerra entre portugueses e franceses, na Baía de Guanabara, Anchieta trabalhou como enfermeiro e assumiu a missão de cuidar dos portugueses feridos em combate. Nesse mesmo ano, ele foi para a Bahia, onde estudou teologia e, em 1566, foi ordenado padre. De volta à Baía de Guanabara, em 1567, assistiu à derrota dos franceses e, nos anos seguintes, permaneceu na capitania de São Vicente. Até que, em 1577, tornou-se provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que realizou durante os próximos dez anos. Depois se mudou para o estado do Espírito Santo e, no final da vida, em 1596, foi morar em Reritiba, onde morreu em 9 de junho de 1597, com 63 anos. Séculos depois, no dia 22 de junho de 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo II (1920-2005). Em 3 de abril de 2014, foi canonizado pelo papa Francisco e se tornou santo da Igreja Católica. Leia também: Gregório de Matos – autor do barroco brasileiro Características da obra de José de AnchietaAs obras de José de Anchieta fazem parte da literatura catequética do Quinhentismo e apresentam as seguintes características:
Obras de José de Anchieta
Poemas de José de AnchietaSanta Inês virgem e mártir, obra de Johann Schraudolph (1808-1879).O poema A santa Inês é composto por redondilha menor (verso de cinco sílabas), muito comum na Idade Média, e fala em como a imagem da santa traz alegria ao povo. Ressalta que santa Inês teve a cabeça cortada, em função da sua fé, e que vem para ajudar as pessoas. Ela é chamada, pela voz poética, de “padeirinha”, pois traz “trigo novo”, que pode ser entendido como o ensinamento cristão. Porém, o eu lírico se entristece ao constatar que o povo “Não anda faminto/ Deste trigo novo”: Cordeirinha linda, Como folga o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. Cordeirinha santa, De Jesus querida, Vossa santa vinda O Diabo espanta. Por isso vos canta, Com prazer, o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. [...] Virginal cabeça, Pela fé cortada, Com vossa chegada, Já ninguém pereça. [...] Vós sois, cordeirinha, De Jesus formoso, Mas o vosso esposo já vos fez rainha. Também padeirinha Sois do vosso povo, pois, com vossa vinda, Lhe dais trigo novo. Não é d’Alentejo Este vosso trigo, Mas Jesus amigo É vosso desejo. Morro, porque vejo Que este nosso povo Não anda faminto Deste trigo novo. [...] Já seu longo poema Ao santíssimo sacramento é composto por redondilha maior (verso de sete sílabas), também característico da poesia medieval. Fala do momento em que os católicos recebem a hóstia, considerada, simbolicamente, como o corpo de Cristo: Oh que pão, oh que comida, Oh que divino manjar Se nos dá no santo altar Cada dia. Filho da Virgem Maria Que Deus Padre cá mandou E por nós na cruz passou Crua morte. E para que nos conforte Se deixou no Sacramento Para dar-nos com aumento Sua graça. [...] Quando na minha alma entrais E dela fazeis sacrário, De vós mesmo é relicário Que vos guarda. Enquanto a presença tarda De vosso divino rosto, O saboroso e doce gosto Deste pão Seja minha refeição E todo o meu apetite, Seja gracioso convite De minha alma. [...] Pois não vivo sem comer, Como a vós, em vós vivendo, Vivo em vós, a vós comendo, Doce amor. [...] Veja também: 5 melhores poemas de Fernando Pessoa Homenagens a José de AnchietaPalácio Anchieta.
Resumo sobre José de Anchieta
- Data de nascimento: 19 de março de 1534. - Local de nascimento: San Cristóbal de la Laguna, Espanha. - Ingresso no Colégio das Artes, em Coimbra, no ano de 1548. - Filiação à Companhia de Jesus, em 1551. - Portador de tuberculose óssea. - Chegada ao Brasil em 13 de julho de 1553. - Missão: catequizar os índios brasileiros. - Professor de latim no Colégio de Piratininga. - Refém dos índios durante a Confederação dos Tamoios. - Ordenado padre em 1566. - Nomeado provincial da Companhia de Jesus no Brasil, em 1577. - Data da morte: 9 de junho de 1597. - Local de falecimento: Reritiba, no estado do Espírito Santo. - Beatificação: 22 de junho de 1980. - Canonização: 3 de abril de 2014.
- função utilitária; - teocentrismo; - lirismo; - caráter evangelizador; - dramaticidade; - desvalorização da cultura indígena. Por Warley Souza |