Criado em 25/03/14 09h58 e atualizado em 28/01/15 11h47
Por Repórter Brasil
Fonte:TV Brasil
Cidades-gêmeas são aquelas com mais de 2 mil habitantes e que ficam uma ao lado da outra, mas em países diferentes. No Brasil, há 29 municípios reconehcidos como cidades-gêmeas. Dez das cidades-gêmeas brasileiras estão no Rio Grande Sul, entre elas Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e Rivera, no Uruguai.
As condições de educação, trabalho, saúde e segurança dos mais de 1,1 milhão de brasileiros que vivem nas 30 cidades-gêmeas do Brasil, ou seja, que fazem fronteira com outros países, estão aquém da média nacional. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf).
Veja gráfico com os dados do estudo
Em setembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou relatório sobre a governança nas fronteiras brasileiras. O diagnóstico apontou os potenciais da região – hídricos, minerais e comerciais – e os problemas enfrentados pelos municípios fronteiriços: injustiça social, conflitos fundiários, altas taxas de criminalidade e baixa densidade demográfica.
O órgão criticou os investimentos feitos pelo governo federal na área e a escassez de recursos humanos, materiais e financeiros dos órgãos responsáveis por fazer o controle, a fiscalização e a prevenção de crimes de fronteira, principalmente o contrabando e o tráfico. Segundo o relatório, Polícia Federal não exerce atividades de policiamento ostensivo na linha de fronteira porque a estrutura de pessoal é incompatível com a demanda. E embora a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal façam esse trabalho, o entendimento é de que não há efetivo suficiente para um resultado satisfatório.
A conclusão: a inexistência de uma política nacional específica para essas regiões torna os territórios vulneráveis a todo tipo carência (na educação, saúde e trabalho) e à violência decorrente da criminalidade.
Na avaliação do economista Luciano Barros, presidente do Idesf, as populações de cidades-gêmeas estão vulneráveis a uma combinação de fatores que inclui não apenas proximidade com uma fronteira desprotegida, mas também os baixos investimentos do poder público em serviços como educação e saúde.
“Toda a criminalidade que depois se espalha pelo país tem relação com os crimes transfronteiriços. Drogas, armas, contrabando – tudo entra pela fronteira. Temos, então, um ciclo, porque o crime implica uma série de consequências para essa população. Para que esses produtos entrem, pessoas precisam trabalhar. Regiões onde reinam o subemprego, a baixa renda e uma educação ruim são férteis para a criminalidade, porque as pessoas acabam trabalhando para isso.”
Educação
Ao se debruçar sobre índices da educação, o Idesf avaliou níveis de reprovação e aprovação no ensino fundamental, taxas de evasão e índices de matrícula. Embora, no conjunto das cidades-gêmeas, os níveis de aprovação apresentem um crescimento desde 2008, o aproveitamento escolar ainda é inferior à média nacional. O mais preocupante é a taxa de evasão escolar, que na fronteira não apenas é mais alta que no restante do país, como voltou a subir desde 2013.
Entre as três cidades-gêmeas paranaenses avaliadas – Barracão, Foz do Iguaçu e Guaíra – a primeira se destacou nos índices educacionais com melhora, ano a ano, nos índices de aprovação no ensino fundamental, e redução da evasão escolar, alcançando os melhores resultados nesse item.
No Paraná, as cidades-gêmeas são O Ministério da Integração Nacional define como cidades-gêmeas aqueles municípios separados apenas pela linha de fronteira de cidades pertencentes ao país vizinho, formando uma aglomeração urbana. Barracão forma tríplice fronteira com Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen (Paraguai); Foz do Iguaçu é “gêmea” de Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina); e Guaíra, faz fronteira com Salto del Guairá (Paraguai) e Mundo Novo (Mato Grosso do Sul).
Saúde
O estudo considerou o número de atendimentos hospitalares (volume de internações, tempo de internações e índice de mortalidade hospitalar) para cada mil habitantes para avaliar a qualidade da saúde das localidades. No volume de internações, o conjunto das cidades-gêmeas apresentou um índice superior à média brasileira. Destaque para Barracão e Guaíra, que alcançaram 77 e 88 internações, respectivamente.
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Em relação à taxa de mortalidade infantil, considerada elevada em todo o país, nas cidades-gêmeas se encontrou números muito superiores aos 10 óbitos por cada mil nascidos vivos preconizados pela Organização Mundial da Saúde: 16,6. A média nacional é de 13,4.
A faixa de fronteira corresponde a 27% do território nacional (2.357.850 km²) e caracteriza-se geograficamente por ser uma faixa de até 150 km de largura e de 16.886 km de extensão, estendendo-se por 11 estados, que fazem divisa com 10 países da América do Sul. Nessa área, há 23.415 km de rodovias federais e residem mais de 10 milhões de brasileiros, em 588 municípios, sendo 122 limítrofes e 30 cidades gêmeas.
Soluções
Para Barros, é necessário que gestores públicos e a própria população pensem na fronteira como as portas de entrada do nosso país. “É por onde o crime entra. Porque tem o atrativo do preço. A falta de estrutura do estado nessas áreas também facilita. Então não precisamos apenas de mais segurança pública, mas também de políticas públicas que criem empregos e renda para que essas populações disponham de infraestrutura, saúde, educação e empregos formais. Se não forem regiões autossuficientes, o crime sempre dará o tom.”
Os altos índices de criminalidade nas cidades-gêmeas paranaenses chamam a atenção no estudo do Idesf. Em Guaíra, a média de homicídios é de 99,6 vítimas a cada 100 mil pessoas; em Foz do Iguaçu, é de 63,1 –números bem acima da média de todas as cidades-gêmeas avaliadas, de 34,2, e da média nacional, de 27,7 assassinatos a cada 100 mil pessoas.
Outro dado que chama a atenção é a quantidade de suicídios registrados nas cidades-gêmeas – uma média de 8,7 por 100 mil habitantes contra a média nacional de 5,1. Entre os municípios paranaenses, apenas Foz apresenta índices menores que a média nacional. Barracão surpreende com índice de 20,5 suicídios, perdendo apenas para Tabatinga, no Amazonas, com 29,6, e Paranhos, no Mato Grosso do Sul, com 46,9.
O volume de acidentes de trânsito que resultam em óbito também é maior nas três cidades paranaenses. Enquanto a média de ocorrências desse tipo nas cidades-gêmeas é de 24,6 e no Brasil, de 22,2; em Barracão sobe para 54,7, colocando o município como líder nesse ranking mórbido. Guaíra tem 44,4 mortes por 100 mil pessoas provocadas por acidentes nas estradas e Foz, 34,3.
O número de mortes provocadas por agressões com uso de armas de fogo também é altíssimo em Guaíra e Foz, que novamente ficam em primeiro e segundo lugar entre as cidades-gêmeas, com 86,6 e 54,6 óbitos por 100 mil habitantes. A média nacional é de 19,6.
Avaliação
“Os índices de criminalidade são altos em todas as cidades-gêmeas, mas os de Guaíra e Foz surpreendem. São regiões de fronteira com Paraguai e que sofrem com a violência decorrente do crime organizado. E há outros índices que influenciam, como subemprego e informalidade. A informalidade é um grande problema”, avalia Luciano Barros, presidente do Idesf. De acordo com o levantamento, enquanto a média nacional de emprego formal entre a população economicamente ativa é de 33,5%, em Foz do Iguaçu e Barracão é de 26%; em Guaíra, de 22%. (CP)
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
Cidades gêmeas correspondem a adensamentos populacionais cortados pela linha de fronteira (terrestre ou fluvial, articulada ou não por obra de infraestrutura). Essas cidades contam com grande potencial de integração econômica e cultural. Há intensa circulação de pessoas, mercadorias e capitais, mas também existem problemas ligados ao comércio ilegal de mercadoria entre dois países, contrabando ou tráfico de drogas.
Um exemplo famoso desse tipo de aglomeração é a cidade de Budapeste na Hungria, que começou como duas vilas (Buda e Peste) se enfrentando uma a outra através do Rio Danúbio. Mas há cidades gêmeas que vêm resistindo a unificação de seus territórios e por isso mantêm identidades próprias,econômicas e demográficas.
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Cidades gêmeas dividem consigo aeroportos, caso de Dallas/Fort Worth e Minneapolis-St.Paul. Em alguns casos, como as cidades de Albury/Wodonga, elas são pemanentemente divididas entre 2 estados, sendo que uma adere estritamente a um ponte de referência geográfico (caso o rio Murray que divide os estados de Nova Gales do Sul e Victoria, e portanto, Albury e Wodonga.
- Ahmedabad e Gandhinagar no estado de Gujarat na Índia onde estão em largo processo de união.
- Surat e Navsari no estado de Gujarat na Índia onde o processo de união será completado por volta de 2015
- Udhana e Sachin em Gujarat, são uma das primeiras cidades gêmeas da Índia
- Islamabad e Rawalpindi, no Paquistão
- Daca e Gazipur,em Bangladesh
- Mumbai, Navi Mumbai e Thane, Índia
- Seul e Incheon, Coreia do Sul
- Tel Aviv e Jafa, em Israel
- Chatham e Rochester, Inglaterra
- Manchester e Salford, Inglaterra
- Ulm e Neu-Ulm, Alemanha
- Buda e Peste, Hungria
- Porto e Vila Nova de Gaia, Portugal
- Santa Cruz de Tenerife e San Cristóbal de La Laguna, Espanha
- Minneapolis e Saint Paul, EUA
- San Bernardino e Riverside, Califórnia, EUA
- Duluth, Minnesota e Superior, Wisconsin, EUA, chamadas também de Portos Unidos
- Kansas City, Kansas e Kansas City,Missouri, EUA
- Utica, Nova Iorque e Rome, Nova Iorque, EUA
- Texarkana, Texas e Texarkana, Arkansas, EUA
- San Diego, Califórnia e Tijuana, Baja California, EUA, México
Santana do Livramento-Brasil e Rivera-Uruguai
- Letícia, Colômbia e Tabatinga, Brasil
- Rivera, Uruguai e Santana do Livramento, Brasil
- Chuy, Uruguai e Chuí, Brasil
- Aceguá, Uruguai e Aceguá, Brasil
- Bella Unión, Uruguai e Barra do Quaraí, Brasil
- La Cruz, Argentina e Itaqui, Brasil
- Río Branco, Uruguai e Jaguarão, Brasil
- Alba Posse, Argentina e Porto Mauá, Brasil
- San Javier, Argentina e Porto Xavier, Brasil
- Artigas, Uruguai e Quaraí, Brasil
- Santo Tomé, Argentina e São Borja, Brasil
- Paso de los Libres, Uruguai e Uruguaiana, Brasil
- Ciudad del Este, Paraguai e Foz do Iguaçu, Brasil
- Pedro Juan Caballero, Paraguai e Ponta Porã, Brasil
- Aparecida e Guaratinguetá, Brasil
- Florianópolis e São José, Brasil
- Cuiabá e Várzea Grande, Brasil
- Torres e Passo de Torres, Brasil
- La Serena e Coquimbo, Chile
- União da Vitória e Porto União, Brasil
- Ceres e Rialma, Brasil
- Itumbiara e Araporã, Brasil
- Mafra e Rio Negro, Brasil
- Rio Branco do Sul e Itaperuçu, Brasil
- Guayaramerín, Bolívia e Guajará-Mirim, Brasil[1]
- Albury e Wodonga
- Coolangatta e Tweed Heads
Visão de Kinshasa através de Brazaville, as 2 cidades são separadas pelo rio Congo
.
- Kinshasa, capital da República Democrática do Congo e Brazzaville, capital do Congo.
- Cairo e Giza, Egito
- Harar e Dire Dawa, Etiópia
- As cidades triplas, consistindo em Binghamton, Endicott e Johnson City, Nova York
- Em Pensilvânia: Allentown, Bethlehem e Easton
- Em Alabama: Huntsville, Decatur e Athens
- Ingersoll, Tillsonburg e Woodstock, Ontário.
- Kitchener, Waterloo e Cambridge, Ontário.
- Torreón, Coahuila, Gomez Palacio e Lerdo, Durango.
- Warangal na Índia, Andhra Pradesh consiste nas cidades de Warangal, Hanamakonda, e Kazipet.
- A segunda tri-cidade do norte da Índia consiste nas cidades de Chandigarh, Panchkula e SAS Nagar (Mohali).
- Perto das Cataratas do Iguaçu: Foz do Iguaçu, Brasil, Ciudad del Este, Paraguai, e Puerto Iguazú, Argentina.
- Barracão, no Paraná, Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, ambas no Brasil, e Bernardo de Irigoyen, na Argentina.
- A Tri-cidade da Polônia consiste em Gdańsk, Gdynia e Sopot
- Poli-Cidades de Davenport e Bettendorf, Iowa, e Rock Island e Moline, Illinois.Também pode incluir um quinto membro, East Moline, Illinois.
- A Poli-Cidade de Minnesota consiste nas cidades de Virginia, Eveleth, Gilbert, e Mountain Iron.
- Cidade global
- Metrópole
- Megalópole
- ↑ «PORTARIA Nº 125, DE 21 DE MARÇO DE 2014 - MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL». www.lex.com.br. Consultado em 1 de julho de 2015
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