Por que o nome piolho de cobra

A empresária Thassynara Vargas, de 25 anos, entrou em desespero ao tirar o tênis e olhar para um de seus pés e ver que estava com dois dedos roxos — e um deles, o dedão, com a unha amarela. A lesão, que a fez parar no hospital na sexta-feira (29), foi causada por um gongolo, popularmente conhecido como piolho-de-cobra, que estava dentro do seu calçado e foi notado apenas alguns minutos após ela calçar o tênis. Mas afinal, o que aconteceu com o pé da empresária? Devemos nos preocupar, o piolho-de-cobra é venenoso?

O biólogo do Instituto Vital Brazil Cláudio Souza explicou ao UOL que estes animais, da classe dos diplópodes, não são peçonhentos, no entanto, o contato prolongado com a pele humana faz com que eles liberem substâncias tóxicas que podem causar inflamação.

"Os gongolos têm como umas das formas de defesa soltar uma secreção com cheiro e sabor característicos para afastar os predadores. E foi isso o que aconteceu, quando a empresária vestiu o tênis, ele soltou essas substâncias que acabaram ficando em contato com o pé dela mesmo depois que o gongolo foi retirado do calçado, causando essa pigmentação escura nos dedos e amarelada na unha", explica.

Empresária carioca encontrou um piolho-de-cobra dentro do tênis; animal não é venenoso Imagem: Murilo Gualda/iStock

Os gongolos, ou piolho-de-cobra, podem medir até 10 centímetros e têm comportamentos noturnos. Eles se alimentam de materiais naturais em decomposição, como folhas e troncos, por isso são comumente encontrados em jardins e quintais. Muito adaptáveis ao clima, eles são encontrados em todo o território brasileiro.

O contato humano com o animal dificilmente causa quadros inflamatórios que requerem atenção como o registrado pela empresária Thassynara, mas em situações graves podem causar inflamação, bolhas e escamação na pele.

"Esses casos mais graves são registrados quando a substância tóxica que o gongolo solta entra em contato com os olhos, como quando uma pessoa coloca a mão nele e leva ao rosto, por exemplo. Ou quando a substância fica por tempos longos em contato com a pele, mas não são comuns essas inflamações", acrescenta o biólogo.

Segundo o biólogo, ainda não existe um tratamento específico, como um remédio ou soro, para inflamação causada pelo gongolo, mas nestes casos são utilizados medicamentos para inflamações em geral.

"O ideal é sempre procurar atendimento médico para que um profissional avalie a área infeccionada e veja qual o melhor tratamento", diz Souza.

Primo distante das lacraias

O gongolo é considerado um primo distante das lacraias. Facilmente confundido com elas por seu corpo alongado, eles não são venenosos como as "primas". A semelhança entre os dois está relacionada aos seus hábitos noturnos e por viverem em ambientes úmidos e com pouca luz, como jardins.

No entanto, as igualdades param por aqui, já que os gongolos são da classe dos diplópodes e não apresentam riscos aos seres humanos.

Já as lacraias, também conhecidas como centopeias, integram o grupo de animais peçonhentos, ou seja, elas possuem glândulas de veneno injetável e são animais que costumam ter hábitos de caça. Elas chegam a medir até 23 centímetros - os gongolos não passam de 10 centímetros.

Sua alimentação é baseada em pequenos insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.

Nos humanos, a picada em locais com maior irrigação sanguínea, como a boca, por exemplo, provoca inchaços podendo causar febre, calafrios, tremores e suores. Quando isso acontece o recomendado é procurar atendimento médico.

Em primeiro lugar, o piolho de cobra é um inseto conhecido por ter centenas de patas. Nesse sentido, pertence à classe dos diplópodes, caracterizados por ter um par de patas em cada um dos segmentos do corpo. Portanto, costuma-se confundir esse animal com a centopeia.

Apesar de compartilhar semelhanças serem ambos da mesma classe, os animais são diferentes. Em resumo, as centopeias são venenosas enquanto o piolho de cobra não, apesar do imaginário popular pensar o contrário. Curiosamente, algumas espécies de piolho de cobra podem ter até 375 segmentos no corpo, ou seja, 750 patas.

Por fim, ainda que tenham um nome característico, o piolho de cobra não tem parentesco com as cobras. Contudo, recebem a nomenclatura pela diferenciação de um corpo mais arredondado e extenso, com segmentações. Além disso, apresentam hábitos e costumes comuns a animais encontrados em áreas urbanas.

Fonte: Britannica

Características do piolho de cobra

Por ser um inseto diplópode, o piolho de cobra é um animal invertebrado. Ademais, o corpo do animal é alongado, cheio de anéis, com um par de olhos e antenas. Em contrapartida, estima-se que cada segmento apresente dois pares de patas, o que permite com que a espécie tenha um vasto número ao longo do comprimento.

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Apesar de ter o corpo inteiro formado por anéis, essa estrutura é divida em três partes. Sendo assim, podemos falar de uma divisão com cabeça, pequeno tórax e longo abdômen. Em média, cada animal da espécie possui de 13 a 45 pares de patas, mas esse número pode ser bem maior.

Para se alimentar, as criaturas contam com um aparelho mastigador na cabeça. Basicamente, isso acontece porque consomem apenas vegetais, principalmente em estado de decomposição. Por fim, vivem em ambientes úmidos, como embaixo de folhas, restos de madeira ou árvores mortas.

Fonte: Britannica

Comportamento

Os piolhos de cobra são encontrados em troncos, folhas ou pedras, mas também podem aparecer dentro de residências. Isso porque eles procuram lugares úmidos para viver. Assim, quando existe um excesso de irrigação em áreas de jardins, eles podem migrar para ambientes internos.

Esses animais se movem lentamente, por causa da base de sua alimentação, composta basicamente de matéria orgânica morta. Assim, podemos dizer que os piolhos de cobra são herbívoros e destritívoros.

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Eles também possuem propriedades de bioluminescência, ou seja, brilham no escuro. Dessa forma, piolhos de cobra podem ser observados em florestas durante a noite, já que aparecem como pontinhos brilhantes espalhados pelo chão. A luminosidade serve para espantar alguns predadores noturnos, como ratos, cobras e lagartos.

Fonte: Britannica

Curiosidades

Apesar de muita gente achar que sim, o piolho de cobra não é venenoso. Na verdade, o inseto não possui nenhum tipo de estrutura capaz de injetar venenos, como garras ou ferrões. A confusão acontece porque outro animal da mesma classe, a centopeia, possui veneno.

Como não é capaz de picar, morder ou arranhar, o piolho de cobra se defende se fingindo de morto. Ou seja, se enrola em torno do próprio corpo e libera um forte odor quando se sente ameaçado. Em alguns casos, eles podem liberar uma substância que deixa a pele humana irritada e com tons roxos.

Curiosamente, pode-se encontrar a nomenclatura desse animal com embuá ou gongolo, a depender a cultura. Além disso, ainda que sejam espécies inofentivas, estima-se que a reprodução facilitada crie um crescimento populaciona exagerado. Portanto, pode ser necessário combater a proliferação com inseciticidas químicos em quintais e jardins.

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No que diz respeito à sua origem, crê-se que os animais apareceram pela primeira vez durante o período Silúrico, há 443 milhões de anos. Portanto, seriam um dos animais terrestres mais antigos que se tem conhecimento. Mais ainda, as pesquisas apontam que existiram espécies com cerca de 2m de comprimento no passado, sendo que atualmente os animais chegam a somente 38cm.

E aí, aprendeu sobre o piolho de cobra? Então leia sobre Sangue doce, o que é? Qual a explicação da Ciência.

Fontes: GPA Brasil, Estudo Kids, Escola Educação

Imagens: Britannica

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